terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Passagem de ano

A passagem de ano... uma experiência de limitação e de incapacidade de controlar a história.
É muito difícil adivinhar o que se escondeu por detrás do rosto, traje e ritmo, na celebração da passagem de ano. Dos que partiram para longe e dos que ficaram. Dos que se ocultaram na agitação de anónimos em salas, praças, ruas e castelos de fantasia inventados para a circunstância. Tudo na escorregadia passagem do tempo tanto promete e nada garante.
Que será afinal um ano que passa, um número que muda e conduz à exaustão física, psicológica, económica, os agentes deste ritual complexo que a todos envolve e questiona?
No momento de falar todos escolhem os mesmos lugares comuns nos fantásticos para um Ano Novo. Mas todos, possivelmente, encobrem um oceano de inquietações, anseios, procuras, incertezas e medos, trata-se de espantar os monstros que podem surgir na neblina de cada novo minuto que o rodar do tempo transporta. Ninguém é dono do tempo e dos factos.
Sabemos que muitos dramas ficam por dizer e muitas alegrias por contar. E tantos acontecimentos de festa e ternura tratados com o desprezo de causas insignificantes.
A passagem de ano tem realmente um significado dentro de cada ser humano que experimenta a sua limitação de tempo e a sua incapacidade de controlar a história. Há algo de transcendente dentro de cada ser como vocação de infinito que o leva a olhar o imediato como medida estreita para os horizontes que interiormente vislumbra. A chegada do Ano Novo parece-se muitas vezes, exteriormente, com um Carnaval, mas esconde anseios no coração de cada ser que o remetem à sua vocação humana de infinito. As fronteiras do absurdo e do sublime confundem-se por vezes na complexa condição humana.

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