sábado, 6 de março de 2010

A distância que há em mim


Quantas vezes eu não toquei o vazio,
na esperança de te sentir.
Quantas vezes eu já não ergui minha mão,
ou sequei uma lágrima para te tocar.
Quantas vezes eu não fechei os meus olhos,
para poder sorrir...enquanto tu também
sorrias... do outro lado.

Como é amarga a distância
Falta do teu olhar...
Mas esperança preenche meus sonhos.
Em breve embora com medo
Nos vamos encontrar
Prometo viver esse momento
Que mais tarde vamos recordar
Sem tormento ou lamento.

quarta-feira, 3 de março de 2010

As Mãos

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

De Manuel Alegre

Quantas vezes as crianças não tem a vontade de espetar o dedo num bolo acabado de fazer para saborearem algo doce?
Ao ler e reler o poema fiquei com a percepção que para o poeta a liberdade e todos os direitos são muito importantes para toda a nossa vivência, como diz na última frase do poema “nas tuas mãos começa a liberdade”.
Sabemos que a paz no mundo começa dentro de nós, quando nos aceitamos a nós próprios e aos outros pelo modo de ser, e por isso com as mãos se faz a paz e se faz a guerra, ou seja, elas são capazes de fazer e desfazer. São elas que fazem das diferenças, as chamadas guerras e também são elas a base da convivência, a chamada paz - em vez de se ver mil pedaços fragmentados, consegue-se imaginar o inteiro real.
Quando o poeta diz que “com as mãos se rasga o mar” interpreto, que as mãos são passageiras no tempo e no espaço como o dito mar que no real é instável. Com as mãos não existe o medo de errar, mas sim a vontade de aprender com os gestos que se multiplicam, enquanto que as palavras ficam caladas com o objectivo de alcançar a liberdade que é falada em todo o poema.
Para concluir a minha reflexão, as mãos são sem dúvida muito importantes para as nossas tarefas diárias e em tudo mais, definem-se como arte que dá lugar á liberdade.