quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Eu e os outros...

Já alguma vez te questionaste quem és?
Já conseguiste dar uma boa resposta a esta pergunta?
Não tiveste dificuldade em te avaliares?
Não sei quem és e nunca saberei nada de ti. Porque nem mesmo tu o sabes com a certeza e ao responderes-me, não consegues resistir ao desejo de acrescentar algo mais do que és.
Se estiveres na curva ascendente, certamente aumentarás alguma coisa, talvez para acelarar a plenitude dos teus direitos; se tiveres na descendente, tirarás alguns anos, como que para afastar o declínio.
Há em ti o estímulo da vaidade; há a hipertrofia do eu; há a convicção de que a humildade é uma virtude ultrapassada; há a constatação de que a estima não é proporcional ao valor íntimo, mas ao aparente. Por isso, a tua preocupação não é o de ser melhor, mas de parecê-lo. Estás convencido que o olhar humano nunca poderá ser facilmente aceite.
Incapaz de te conheceres a ti mesmo e de revelar com sinceridade o que conheces de ti próprio, presumes conhecer os outros.
A interpretação dos sentimentos dos outros é fruto de introspecção, isto é, um mecanismo que atribui aos outros os nossos próprios sentimentos. Todos os defeitos que vês nos outros não são só dos outros; pois, em boa parte, também te pertencem e a tua crítica é frequentemente a confissão do teu íntimo.

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